A Cultura em Casa se despede de Elza Soares celebrando sua vida, carreira longeva e seu intelecto como mulher negra, poeta, cantora, intérprete e tradutora. Tradutora da verdade oprimida em tantos corações e corpos pelo nosso país que encontraram eco e libertação em sua voz rasgada e de alcance profundo. Nascida em 23 de junho de 1930, Elza dizia que foi subindo o morro com um balde d’água na cabeça que descobriu o grunhido que depois se tornou parte de sua identidade. Elza, que foi eleita, em 1999, a cantora brasileira do milênio pela BBC de Londres, teve sua primeira aparição na TV no programa de Ary Barroso, em 1953. Quando indagada sobre de que planeta vinha, respondeu vir do planeta Fome. Com uma carreira que atravessou mais de seis décadas, Elza Soares foi capaz de interpretar canções como “Meu Guri”, de Chico Buarque, e “ Espumas ao Vento”, de Fagner, e torná-las suas, colorindo-as com sua experiência de vida. Sobreviveu à perda de dois filhos para a inanição, ficou viúva aos 21, teve outros amores e explorou uma nova faceta de seu talento e gênio a cada álbum lançado. O primeiro deles chegou ao mercado no dia 10 de junho de 1960, mas foi apenas com “Planeta Fome”, disco lançado em 2019, que teve uma música com letra própria. Para as novas gerações, Elza se confirmou como defensora única e feroz dos direitos da mulher e da pessoa negra com os álbuns “A Mulher do Fim do Mundo” e “Deus É Mulher”, lançados em 2015 e 2018, respectivamente. A voz de Elza carrega a verdade da identidade do Brasil e de sua história, bem como todas as peças que faltam para quem quiser entender o que nos faz humanos. Acompanhada de Flávio Renegado, na guitarra, e JP Silva, no violão, Elza, com sua inconfundível voz rouca e rasgada, canta, neste pocket-show da Virada SP Online de Salto, clássicos como “O meu Guri”, “Malandro” e “Volta por Cima”, além do rap/hip-hop de Renegado.
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